Febre do Pokemon Go

13:59

"Agentes da polícia belga foram apanhados a jogar Pokémon Go durante a hora de trabalho, no feriado belga de 21 de julho, revela o jornal Het Laatste Nieuws. O comissário do Serviço de Polícia Local de Bruxelas, Johan Berckmans, afirmou, insatisfeito, que alguns agentes "se empenharam mais em caçar 'pokémons' no dia do feriado nacional, do que em garantir a segurança". O jornal revela que um dos agentes passou praticamente todo o turno à procura do Pikachu." 

Queria não cair na tentação de falar de um tópico fácil e cair na banalidade, mas o tempo tem enfrentado este fenómeno e tem revelado que o Pokémon Go é, afinal, tudo menos banal. 
Quando surgiu este jogo bastante inovador, ouvi muita gente criticar por ver as pessoas na rua agarradas ao telemóvel. As pessoas pareciam incomodadas com as multidões inquietas e entusiasmadas nos correios, igrejas e parques da cidade à procura de criaturas que só existiam no seu telemóvel, vá-se lá saber. Quanto a isto só tenho a dizer que aquilo que miúdos e graúdos têm feito na rua, faziam antes sentados, sozinhos nos seus quartos. E que antes deste jogo, já havia pessoas a andar por aí, agarradas ao seu telemóvel com receio de perder alguma novidade. A nova geração não é um produto deste jogo. Este jogo é um produto da nova geração. 
Tornando o texto um pouco mais pessoal vou relatar a minha experiência. Desde que saiu Pokémon Go e finalmente o consegui instalar já tive excursões familiares divertidíssimas e bastante elucidativas a várias terrinhas e monumentos aqui na zona e áreas periféricas, e descobri pequenos pormenores que nunca tinha reparado e- desconfio- que nem iam prender o meu olhar de outra forma (fontes, placas, edifícios antigos... e a lista continua e continua…). Agora o meu irmão de 10 anos sabe onde são os correios, a polícia, o hospital e até os nomes e ruas (porque para ele, no fundo, serão sempre as suas PokeStops). Uma verdadeira caça ao tesouro! Um jogo que faz as pessoas sair de casa, reúne famílias e amigos e ainda ensina. E ainda assim, as pessoas odeiam (para provar que existirá sempre alguém insatisfeito, mas é mesmo assim a vida). 
Eu percebo que já não somos as gerações anteriores, que se contentavam com pedras e paus e uma grande imaginação para se divertirem, em que era seguro deixar as crianças sair até à hora do jantar e se podia confiar em estranhos. Agora somos a geração de partilhar as nossas vidas e pensamentos nas redes sociais. Uma geração paradoxa com uma comunicação constante e contudo mais vazia, ativa e passiva, que pensa por si e segue os outros. Somos uma geração que enfrenta fenómenos nunca antes estudados e que por isso ainda são difíceis de compreender. 
Tal como tudo, se existem pessoas que criticam, também existem pessoas que exageram. É o exemplo destes polícias. É o exemplo daquela pessoa que se sentiu obrigada a consultar um psiquiatra. Enfim, são vários os exemplos (nem devemos embarcar nessa viagem). E se defendo este jogo e estas iniciativas que não prejudicam ninguém (moderadamente), critico excessos. Em tudo. Afinal "no meio é que está a virtude", não é verdade? Portanto, deixem as pessoas divertir-se, quando olharmos para trás até vamos olhar para isto com uma nostalgia simpática e saudável e se não gostam assim tanto da sociedade em que vivemos, que tal mudar a sociedade começando por nós mesmos?
Quanto a vós senhores polícias, eu percebo. Todos nós estamos à procura do nosso Pokémon.

You Might Also Like

0 comentários

Subscribe