Conversas de circunstância

08:35

Não sei como é que perspectivam este tema, mas para mim é uma fonte de muita ansiedade no meu dia a dia. As temíveis e desprezíveis conversas de circunstância.

Vejam, sou uma rapariga que naturalmente gosta de comunicar (não tivesse eu criado um blog para me expressar), mas gosto de o fazer abordando temáticas interessantes. Ora, falar sobre o tempo, falar sobre o que aquela rapariga fez, o que as celebridades têm comido ou sobre a universidade (durante horas!) não é do meu interesse.

É verdade que não me sinto confortável com silêncios. Talvez ao contrário de muitas pessoas que começam quietas e vão explodindo quando confortáveis, eu sou uma tempestade com a qual não contas que vai perdendo força e eventualmente é só uma brisa agradável que gosta de saborear o tempo. De uma maneira mais simples: eu falo falo falo no início e só estou calada quando me sinto confortável na tua presença.

Silêncios são preciosos. Silêncios são um ato de coragem. Às vezes quando nem sabes o que dizer, basta a tua presença ali para que a outra pessoa perceba que a apoias e estarás sempre lá. Podes não dizer nada com palavras, mas dizer absolutamente tudo com acções. E isto foi algo que aprendi com o tempo. A importância de saber quando estar calada e quando me pronunciar (embora confesse que ainda tenho muito por aprender).

Não gostando naturalmente de silêncios (como imagino que seja para a maioria das pessoas) e não gostando de os partilhar com qualquer um, faço o sacrifício de lançar temáticas à parede a ver se colam e gosto de puxar pelos outros para que falem. Li não sei onde que “o melhor comunicador é aquele que faz os outros falar, não o que fala a tempo inteiro” (talvez não esteja a ser exata) e não podia concordar mais. Conversas dominadas por um só lado não são conversas, são monólogos. E claro, também gosto que me perguntem e se interessem - sou humana.

Porque falo disto? Porque este é o meu apelo a que quando me virem na rua não me falem de coisas triviais. Quando me virem, não tenham medo de responder honestamente quando vos pergunto “como estás?” porque eu quero genuinamente saber. Porque falar sobre sentimentos, ideias, coisas abstractas, crenças são o que me fazem sentir completa. São estas conversas que fazem a vida valer a pena. Sinto que nunca saio de uma conversa mais pobre. Sinto que me maximiza.

Porém, quando me virem mais calada e eu responder que “está tudo bem”, então sintam-se felizes e não estranhem. São pessoas importantes na minha vida, que me fazem sentir confortável e com quem escolhi gastar o meu tempo (que nunca poderei recuperar) porque vos considero merecedores de tal. E porque com vocês, conversas de circunstância não são uma realidade.

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