#PrayForTheWorld

13:39

Escrevo-vos este post com o coração nas mãos e na pior das circunstâncias.
Quando acontece algo desta envergadura, julgamos, não sei bem porquê, que é a última vez que acontecerá. Que conseguiremos sair desta situação, prender os maus, salvar os bons, espalhar a paz e a alegria no mundo. Somos no fundo todos crentes e, talvez, um pouco ingénuos.
Hoje de manhã, Bruxelas foi alvo de um ataque terrorista, cuja autoria já foi reclamada pelo Daesh (não lhe deem a satisfação de serem apelidados de "Estado Islâmico").
Hoje de manhã, morreram 32 pessoas inocentes. Pessoas que se dirigiam a caminho dos seus empregos, das suas famílias, seguir as suas rotinas, viver um dia como tantos outros... mas o dia para elas terminou mais cedo.
Uma vida de um indivíduo que viva em Bruxelas vale, indiscutivelmente, o mesmo que um da Síria, da Turquia, do Afeganistão. Somos cada vez mais um mundo globalizado (passe-se a redundância). Somos mais do que meros cidadãos portugueses, mas cidadãos europeus e cidadãos do mundo. Somos mais aquilo que nos une do que aquilo que nos separa. Somos humanos. E acredito que existem valores que são comuns a todos e que fazem parte da nossa essência. O direito à vida é um deles.
Mas... longe da vista, longe do coração.
Com a falta de cobertura pelos media de acontecimentos semelhantes nos outros países que não do modelo ocidental, é fácil esquecer que existem pessoas que passam todos os dias aquilo que enfrentámos hoje. Não devia ser assim.
É assustador pensar no que será viver com este medo constante. Medo esse que move milhares de desesperados a saírem das suas casas e a procurarem refúgio noutros países, que se dizem ser mais tolerantes, mais pacíficos, uma porta de oportunidades para pessoas que só pedem isso- uma oportunidade. E isso não lhes cedemos. Como se a culpa de termos bombas nos metros e armas apontadas à cabeça fosse da culpa dos que também da guerra fogem.
Esta fuga é prejudicial para aqueles que ficam, para aqueles que precisam de quem obedeça. Isto, depois aliado à lavagem cerebral a que são submetidos, ao ambiente em que crescem e que culpabiliza "a europa", "o ocidente", "os estados unidos", "os brancos" (e que, admitamos não é assim tão pouco razoável) é um cocktail perigoso que culmina em gritos de desespero. Em atos meticulosamente planeados, mas que contém neles tanto ódio, tanta vingança.
Às vezes vejo-me a desculpabilizar estas pessoas. Estes monstros. Deparo-me comigo a pensar "fomos nós que criámos aqueles monstros". Fomos nós que matámos os seus pais, os seus irmãos, as suas juventudes e qualquer réstia de esperança. Fomos nós que lucrámos com as armas, com o petróleo, com os diamantes.
Porém, se existe algo em que acredito e que defendo afincadamente é que "violência nunca é a solução e nunca é desculpável". Esta raiva, este ódio, esta sede de vingança deveriam ser redirecionados para algo de bom. Eles têm todas as razões para nos odiarem, mas a resposta nunca passa por nos fazer isto.
Não se matam inocentes.
Não se recorre à violência. 
(Já Gandhi disse "olho por olho e o mundo acaba cego".)
Mas então se não nos vingamos, o que fazemos?
Gosto de acreditar na educação, na cultura. Se a situação se tornar insustentável, depois de se tentar todos os meios disponíveis, defendo a autodefesa, claro. Mas existem soluções alternativas.
E àqueles que apenas fogem digo que devemos ajudá-los. Pensar que "refugiado" ou "muçulmano" não é sinónimo de "terrorista" e informar aqueles que no contrário acreditam.
Porém, propostas concretas, não consigo indicar. E sabem, é isso que me assusta mais nesta situação. É que sinto que eu, simples cidadã, não sabe o que fazer. E sinto também que os políticos, os que podiam resolver efetivamente isto, também não sabem.
 
Por agora, #PrayForBrussels, #PrayForParis, #PrayForTurkey, #PrayForTheWorld

 
 (funcionários do aeroporto abraçam-se depois das explosões)
 

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